Protocolo a quanto obrigas!

Marcamos o ponto I com as nossas primeiras lágrimas e com a convicção que desenharemos uma linha reta, longa e firme até ao ponto F. E se nos esquecermos de alinhar a régua que linha traçaremos?

Ansiava-o desde a matrícula; fantasiei-o inúmeras vezes; pressentia-o e ele finalmente chegou! É indiscutível a importância que ele assume na nossa juventude, contudo é bastante discutível todo o dilema que ele acarreta.

Tal dilema é sinónimo de insónias, calafrios e outras sensações indesejáveis, porém ambicionamos e queremos ser a Rainha do Baile estando dispostas a tudo, a tudo mesmo para vencer essa eleição.

Recorremos então, às regras do protocolo para assegurar que a nossa indumentária cumprirá todas as exigências do momento desencadeando uma luta incessante entre cores e tecidos que durará meses.

Nunca esqueci as regras sagradas e muito menos o processo estafante para obter o vestido perfeito. Cerca de 8 anos mais tarde, com uns pequenos ajustes e uns retoques de última hora voltei a usá-las e a constatar toda essa adrenalina.

Sempre empreguei a palavra “protocolo” ligada ao termo “comemoração”, porém o acontecimento agora necessitava que a unisse à palavra “salvação”.

O protocolo revelar-se-ia inflexível, composto por 6 ciclos (subdividos em 12 tratamentos/internamentos), obrigar-me-ia a entrar em modo countdown e desenrolar-se-ia em 2 partes distintas.

A primeira exigia um vestido curto, confortável e leve e uma sandálias rasas, por sua vez a segunda estipulava vestido pesado e comprido com cauda, bem como, uns sapatos de salto de agulha. O dress-code estava exposto no convite e solicitava que durante a festa os convidados detivessem um padrão comportamental, uma conduta exemplar, uma postura específica e uma capacidade de bom ouvinte e respeito pelas decisões e opiniões dos outros. No meu caso, tinha a certeza que se cumprisse as regras protocolares estipuladas o evento seria um êxito, seria memorável!

À medida que percorrermos e desvendamos a linha percebemos que esta não será totalmente reta sofrendo pequenos desvios. Desvios que nos permitirão marcar o último ponto com a convicção que usufruímos do significado integral da palavra viver.Significado espelhado nos desafios que superámos; nos medos que enfrentámos; nos sorrisos que construímos; nos corações que conquistámos; nos sonhos que realizámos; nas batalhas que vencemos.

Desenhamos o final da linha com lágrimas também, no entanto, não serão as nossas e sim, tal como num baile de finalistas, serão as recordações e as regras protocolares que traçarão a linha de alguém…

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